domingo, 14 de abril de 2013

Livro: O Bom Professor

O Grupo Práxicas está preparando uma atividade sobre o livro O BOM PROFESSOR. Nossa apresentação será dia 22 de Abril, onde deveremos expor aos demais alunos de nossa sala o que é realmente um BOM PROFESSOR. Para que essa atividade seja um sucesso, já lemos o livro e estamos postanto abaixo nosso resumo que contém os pontos principais e essenciais desse livro tão importante para nossa formação como pedagogos.


Resumo do livro: O bom professor e sua prática

O livro baseia - se nos dados da pesquisadora Maria Isabel da Cunha, seu objeto de pesquisa é a prática do bom professor, em que tenta compreendê-la e desvendá-las.
A autora estuda e coleta seus dados através do método da pesquisa etnográfica, referência em diversas pesquisas norte-americanas, trata-se de uma técnica, proveniente das disciplinas de Antropologia Social, que consiste no estudo de um objeto por vivência direta da realidade onde este se insere.
Mabel como é carinhosamente chamada por seu orientador Newton César Balzan, formou-se no Curso Normal com base escolanovista lecionou, nos anos iniciais. Com o tempo formou-se em Ciências Sociais e passou a lecionar no secundário de onde abandonou a essência escolanovista e passou a trabalhar sob a concepção tradicional, sempre a inquietou a falta de criticidade com que trabalhava, e foi essa a motivação para a Pedagogia e para a pesquisa em educação.
“O senhor... mire e veja que o mais importante e bonito do mundo é isso, que as pessoas não estão sempre iguais, não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam – verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isto me alegra de montão”.
Guimarães Rosa

ORIGENS DO ESTUDO
Para que a autora pudesse evoluir em seus estudos ela procurou aspectos na formação do professor que mais precisam aprofundamentos.
Ela diz que a sala de aula é um lugar muito privilegiado, onde se realiza o ato pedagógico escolar. Para Maria Isabel na sala se tem muitas contradições do contexto social em que cada sujeito vive, os conflitos psicológicos, as questões da ciência e as concepções daqueles que fazem parte do ato pedagógico: o professor e o aluno. Fazer um estudo sobre o que acontece e porque acontece na sala de aula, é a principal tarefa daqueles que se encontram envolvida na educação de professores.
A escola é um local contextualizado, ou seja, sua realidade, seus valores, sua configuração variam segundo asa condições histórico-sociais em que estão envolvidas. O professor na escola é o determinante e o determinado.
As relações da escola com a sociedade devem ser cada vez mais claras para que se possa compreender e interferir na prática pedagógica.
O ensino sempre se situa em alunos reais em situações definidas.
O principal fator para a realização desta pesquisa foi o desejo de questionar as certezas pedagógicas, as idéias pré- definidas, entre outros desejos.

POR QUE O PROFESSOR?
Para Cunha seu principal objetivo é estudar o professor na escola, situado e condicionado por suas situações e condições histórico-sociais. É imprescindível reconhecer que sem o professor não se faz escola, e é fundamental aprofundar os estudos sobre este profissional.
A escola é uma instituição que seu valor será atribuído pela sociedade que a constitui.
A evolução posterior da idéia que o constitui um profissional liberal, privilegiando o seu saber específico e dando-lhe uma independência, que na prática ele nunca tivesse alcançado.
O professor hoje é visto como um trabalhador assalariado, que vende seu trabalho ao estado, o produto do seu trabalho. É o reconhecimento do papel do professor que poderão favorecer a intervenção no seu desempenho.
A escola atual é fruto das influências positivistas sobre as práticas lá desenvolvidas, e o professor é o principal veiculador dessas práticas.
Unir o ensino e pesquisa significa caminhar para que a educação seja integrada, envolvendo estudantes e professores.

SIGNIFICADO DO COTIDIANO
A necessidade de descobrir o cotidiano do professor vem da certeza de que esta é uma forma de construção de conhecimentos.
A vida cotidiana é a objetivação dos valores e conhecimentos do sujeito dentro de uma circunstância.

A QUESTÃO METODOLÓGICA
Conceituações nos fazem entender a pesquisa como parte das atividades do educador, localizando o ato pedagógico no contexto social onde ele atua.
O senso comum é de que o professor tenha um saber próprio, e este saber tem duas grandes direções, o domínio do conteúdo de ensino, isto é, de seu objeto de estudo, e o domínio das ciências de educação que lhe permitirão realizar o processo pedagógico.
Nessa parte do livro o autor diz que infelizmente não possuímos uma tradição no processo de avaliação de professores, mas quando existe algum tipo de critério como referencial, estes são mais usados para o fator de promoção em carreira do que como feedback da prática em sala de aula.
Muitas vezes o professor não é capaz de fornecer uma visão crítica aos seus alunos, o que ocorre também por causa das instituições que fornecem padrão de conduta pré determinados.
Quando os alunos são questionados sobre o que seria o BOM PROFESSOR, não escolhem como BOM ou MELHOR aquele professor que não tenha conhecimento da matéria e habilidades em organizar as aulas. Eles levam em conta sua prática social e seus saberes históricos-sociais. Contam também a relação professor-aluno, ou seja, a parte afetiva tem grande proporção nessa escolha. Como por exemplo:
“é amigo”, “compreensivo”, se “preocupa conosco”.
Mas também levam em conta as práticas oferecidas durante as aulas como: “torna as aulas atraentes”, estimula a participação do aluno”, “induz à crítica” e etc.
Os alunos também não indicam como BOM PROFESSOR aqueles chamados de “bonzinhos”, mas sim aquele que é exigente e cobra a participação nas tarefas.
Resumindo, para os alunos atuais o BOM PROFESSOR é aquele que domina a matéria, apresenta de forma adequada e tem bom relacionamento com o grupo.
Através de dados coletados nas entrevistas com os 21 professores, podemos perceber um Bom Professor a partir de:

• Valores institucionais que influenciam a imagem do professor;
• Respostas às necessidades dos alunos;
• Gosto pelo que fazem;
• Apreciam o contato com os alunos;
• Teve algum professor como fonte de inspiração para se tornar no professor que é hoje;
• Consideram a experiência como grande fonte de aprendizagem;
• Sua formação pedagógica possibilitou diversas opções em sua carreira, o modo como tratar os alunos, trabalhar em grupo, saber refletir sobre algum acontecimento em sala de aula entre outros;
• A prática social sempre faz parte do comportamento docente;
• A conscientização do indivíduo para que percebe a as condições sociais e que assim, possam modificar sua visão social;
• Estar com os alunos em sala de aula e saber entende-los, influenciando-os e sendo por eles influenciado;
• Valorizar seu campo de conhecimento;
• Utilizar da práxis, enfatizando que tudo que é prático e real é mais significativo;
• Planeja sua prática pedagógica;
• Reparte sua experiência com todos;
• Seu processo didático passa do concreto para o abstrato;
• Enfrenta dificuldades como desvalorização do magistério, da estrutura de ensino e das condições de trabalho.
A autora do livro fez ao todo 42 observações, distribuídas entre 21 professores. As observações foram em sua maioria em sala de aula comum, mas também houve observações em quadras de esportes, laboratórios e aulas de campo.

OS PROCEDIMENTOS
A aula expositiva foi a que ela mais assistiu. Os professores a utilizavam para começar assuntos novos, terminar assuntos já estudados, explicar uma aula de laboratório, etc. Houve apenas dois casos em que o professor mudou a disposição da sala para roda, onde foi foram feitos estudos de caso.
Segundo a autora, os professores tendem a repetir atitudes que eles consideraram importantes de seus professores quando eles eram alunos, e que provavelmente eles nunca tiveram uma aula em que o professor debatesse com os alunos e que construíssem os conhecimentos juntos. Eles apenas repetem o ciclo, e acreditam que eles precisam estar no “comando”, senão não estão cumprindo seu papel.
Estudos feitos mostram que outro fator para a “repetição do ciclo” é que a posição de ouvinte do aluno é totalmente confortável.
Porém avaliando as aulas dos alunos ela constatou que eles desenvolvem sim habilidades e técnicas de ensino.

AS HABILIDADES
Segue algumas habilidades citadas pela autora:
Habilidades dos BONS PROFESSORES:
• Organização do contexto da aula (deixam claro para os alunos as atividades e objetivos da aula)
• Localização histórica dos conteúdos (saber onde o conhecimento foi produzido)
• Relações com o conteúdo em pauta com as outras áreas do saber (contexto, conhecimento como um todo)
• Apresentar ou escrever o roteiro das aulas
• Formulação de perguntas (participação do aluno)
• Coletivizar dos conteúdos
• Reforço positivo ás respostas dos alunos
• Partir dos conhecimentos dos alunos
• Apreender a linguagem dos alunos e tornar a linguagem acadêmica acessível a eles
• Profundo conhecimento do que se propõe a ensinar (usar exemplos)
• Uso adequado de recursos de ensino
• Caminhar pelo espaço observando os alunos
• Clareza nas explicações
• Uso da linguagem com senso de humor
Todas essas características foram organizadas após as observações. Não se pode negar que em todos BONS PROFESSORES houve um compromisso e seriedade com a pratica docente.

O CONTEXTO
Não podemos descartar os aspectos que constituem o bom professor que estão fora da sala de aula, como o preparo das aulas, conversas extras com os alunos, convivência com os outros professores, etc.
Outra observação da autora é que alguns professores dão muito valor a leitura e a linguagem. Outros tem muito afeto pela disciplina que lecionam. Outros se posicionam em relação aos conteúdos, dando opiniões, ora técnicos, ora políticos.
A prática dos professores é coerente com o sistema de hoje, a separação do trabalho com o conhecimento, cabe aos alunos e professores um exercício reflexivo, somente essa reflexão pode trazer a mudança.
A última parte trata das conclusões e do esclarecimento final de alguns conceitos, além de procurar exemplificar no cotidiano do professor o que seria “o bom professor e sua prática”.
O conceito de BOM PROFESSOR é ideológico, depende da visão de certa sociedade sobre o professor, está relacionado a tempo e lugar e é valorativo.
São vinculados à imagem do professor vários atributos, muitas vezes, sem reflexão sobre o porquê. Com isso, cria-se a ideia do “dever-ser”. O professor deve ser responsável, honrado, tratar todos os alunos de forma igual, etc. Esses atributos são firmados todos os dias pelos alunos, por alguns professores e pela sociedade, que acaba por neutralizá-los, torná-los naturais. Como os atributos estão relacionados diretamente com a sociedade, com o tempo passam por mudanças. O que ficou comprovado nos estudos da autora: os professores estão lutando contra o “dever-ser” e a sociedade criou novas ideias sobre o professor.
O professor, não é neutro, nasce e está constantemente inserido na sociedade. Como todo indivíduo, é um ser de particularidades e de generalidade. As duas partes, ora formam o trabalho do professor, ora provocam as mudanças.
Os alunos e a sociedade, de certa forma, esperam de um professor que ele seja intelectualmente capaz e afetivamente maduro, servindo de exemplo para a vida futura, perpassando em sua conduta valores, normas, padrões de comportamento e outros aspectos, seja de forma consciente ou inconsciente. Não é mais esperado que o bom professor seja aquele bonzinho ou depositório da verdade.
Analisando os dados, é possível perceber que as respostas sobre o bom professor é dada de acordo com uma passagem pessoal. Em algum momento a pessoa se imagina como aluno e analisa aqueles que foram seus professores, para assim dar forma ao conceito. Até mesmo os professores fazem essa reflexão. Com isso, tenta-se repetir os atos de bons professores e fazer o contrário dos atos daqueles considerados ruins.
Outro fator importante sobre o conceito de um bom professor está relacionado com sua própria experiência, com a prática. Nela se espera aprender com outros professores, com os alunos e também transformar suas atitudes, se modificar se for preciso.
O professor dá valor ao prazer que sente ao ensinar, à relação com os alunos, à ensinar o que gosta. E quando reclama, é por suas dificuldades: seja da desvalorização da profissão, do fracasso do atual sistema escolar ou do baixo salário.
As observações de aula trouxeram alguns pontos importantes:
- O professor é a principal fonte de saber sistematizado;
- Os bons professores possuem várias habilidades de ensino, como: organização do contexto da aula, incentivo a participação dos alunos, trato da matéria de ensino, variação de ensino e uso da linguagem
Enfim, é necessário um professor consciente das questões sociais e engajado na luta para as melhorias das condições de vida.

  

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