segunda-feira, 29 de abril de 2013

Livro: As Abordagens do Processo

ESTUDO DE CASO: ABORDAGEM TRADICIONAL

Era o primeiro dia de aula de Pedrinho na escola nova. Ele estava acostumado com a recepção calorosa da professora, as brincadeiras entre as atividades, as musiquinhas cantadas no inicio das aulas e os coleguinhas falantes na sala de aula. Ao chegar na sala ele tomou um susto quando percebeu que ninguém o veio receber na porta, e quando entrou, as mesas não eram redondas como a da escolinha, eram todas enfileiradas em plena ordem e de frente havia um quadro negro enorme. Não havia ninguém sentado a mesa do mestre e as crianças já estavam todas arrumadas. Foi puxar assunto com um amiguinho do lado, mas não teve resposta. Procurou os cartazes coloridos e os desenhos na parede, mas não encontrou. Ficou um instante com a cabeça baixa e logo que levantou avistou os alunos todos em pé e na porta uma figura diferente... Era a professora. Levantou-se ligeiro e esperou para ver o que se seguiria. A professora entrou em sala e todos se sentaram. Para sua surpresa, hoje era dia de prova, dia de prova oral. Todos estavam apreensivos e Pedrinho sem entender nada. A professora foi chamando um a um, e as respostas precisavam ser dadas em voz alta para que todos ouvissem. Enfim chegou a vez de Pedro, e sem nenhuma cerimônia de boas vindas, a professora perguntou:
_ Ei você, aluno novo, quanto é 10+5?
Ele até sabia a resposta, mas como estava com muito medo e envergonhado respondeu:
_ É 13 tia.
Enfurecida a professora ofendida pela resposta errada e por ter sido chamada de tia, colocou Pedrinho para a fora da sala, que ficou lá até o próximo toque do sino. As lagrimas corriam pelo seu rosto, e ele tentava entender o que tinha feito de tão errado.  Assim que o sino tocou a professora solicitou a presença dele em frente a sua mesa. Ela o fez escrever na lousa a resposta correta, e deu a ele uma lição de casa extra: escrever em três folhas, que 10+5 era igual a 15.



Para essa abordagem o homem é um sujeito “acabado” e a criança é um “adulto em miniatura”, por isso o professor é o centro, pois é ele quem detém todo o conhecimento, visto que já é adulto. Ele se torna completo quando conhece o mundo através do que lhe é transmitido através da família, igreja e principalmente da escola. Esses conhecimentos transmitidos estão intimamente ligados aos valores apregoados pela sociedade. A inteligência é o acumulo de informações, e o aluno não tem participação nenhuma em sua construção. Toda informação transmitida tem como objetivo tornar o sujeito igual ao modelo imposto pela sociedade. A escola é a instituição máxima de transmissão do conhecimento, onde a relação professor-aluno é vertical, só o professor detém o conhecimento, só ele fala e o aluno apenas escuta. As aulas são em sua maioria expositivas, e as avaliações consistem em que os alunos reproduzam com exatidão o conteúdo passado em aula.

ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA

 Ana era professora do Maternal II de uma creche de sua cidade. Pensando em como abordar de maneira diferente as cores secundárias, teve uma idéia muito legal. Colocou seus alunos em roda e perto dela colocou potes de tintas de cores primárias e também uma bacia grande, para que todos pudessem visualizar. Depois de arrumar os materiais necessários, a professora perguntou a sala quais cores de tinta ela tinha em seus potes. A resposta foi unânime, e todos acertaram, as cores eram amarelo, vermelho e azul. Logo depois a professora perguntou o que aconteceria se ela misturasse as cores na bacia. A maioria respondeu que não sabia, e João disse que ela faria uma meleca. Ana então pediu para que Mariana escolhesse duas cores, e ela escolheu azul e amarelo. A professora delicadamente colocou as cores escolhidas na bacia e pediu para que Felipe misturasse com os dedos. Antes da cor ficar pronta, ela perguntou novamente aos alunos o resultado daquela mistureba, e alguns responderam que estava mudando de cor. Ao término da mistura o aluno Felipe espontaneamente disse que as mãos estavam verdes! A professora então explicou que misturando as cores primárias surgiam outras, e eles continuaram brincando por um longo tempo, descobrindo novas cores através das já conhecidas.

Para os comportamentalistas o conhecimento é feito através da experiência, da descoberta espontânea ou planejada. Nessa abordagem o homem é resultado do meio em que vive. Para Skinner o meio pode ser manipulado assim como também o homem. A educação está ligada á transmissão de conhecimento científico e cultural, assim como comportamentos e práticas sociais. A escola comportamentalista é uma instituição com certo “poder” e tem como objetivo instalar e manter seus princípios, através do reforço constante. Os alunos participam do seu processo de aprendizagem, e o professor planeja e desenvolve as atividades que serão executadas pelos educandos. A avaliação tem como objetivo verificar se o aluno atingiu ou não os objetivos propostos, respeitando o ritmo de cada um.

ABORDAGEM HUMANISTA

Carla era uma aluna nova, presente na escola apenas por uma semana e aquele era dia de avaliação. Carla nem sabia o que pensar, apesar de sempre ter sido uma excelente aluna no antigo colégio de freiras, não fazia a mínima ideia de qual conteúdo seria avaliado. Então, na sala de aula, quando encontrou os outros alunos e estavam todos tranquilos, se sentiu ainda pior: -“Como farei uma prova assim? Ah, meu Deus! E todos estão tão tranquilos... Não quero ser a vergonha da classe!” Logo chegou a professora, sem folhas, sem giz. Pediu que todos anotassem em um papel a nota que se dava pelo decorrer das atividades, pela aprendizagem que tinha feito, pelo seu esforço próprio. Enfim, pediu a todos uma auto avaliação.  Carla mais que depressa começou a criar os exercícios mais difíceis que conseguia imaginar, respondia  e corrigia o mesmo, dando-lhe nota pela ortografia e pelo capricho. Nesse dia, saiu para o intervalo toda feliz, embora ainda não entendesse o sentido de tudo aquilo. No final do dia, houve uma reunião com os pais e a professora explicou à Carla como funcionava a abordagem seguida pela escola, visto que a aluna estava perdida. O processo é centrado no aluno, na sua aprendizagem, na autonomia e nas experiências e habilidades; o professor está sempre à disposição como facilitador da aprendizagem, a metodologia busca a liberdade do aluno para aprender e entender o conhecimento como parte das experiências vivenciadas. Na primeira reunião com os pais, no final da mesma semana, Carla e a mãe foram ao encontro da professora, que explicou que a abordagem seguida pela escola era muito diferente da abordagem com que Carla estava acostumada. Ali, o processo era centrado no aluno, na sua aprendizagem, na sua autonomia, nas suas experiências e habilidades; o professor estava à disposição, como um facilitador da aprendizagem e a metodologia buscava a liberdade do aluno para aprender e entender o conhecimento como parte das experiências. A abordagem seguida pela nova escola de Carla é a HUMANISTA.


  ABORDAGEM COGNITIVISTA

A professora Priscila ensina em uma escola privada na cidade de Ourinhos, ela é bem amorosa com seus alunos, e sempre os questiona sobre diversos assuntos. Em suas aulas Priscila não utiliza uma determinada rotina para com seus alunos e os desafia o tempo todo sobre os mais variados problemas, e deixa livre para que eles pesquisem sozinhos a resolução destes desafios, na verdade Priscila funciona mesmo é com mediadora. Seus alunos são bastante participativos, ele observam bastante, e argumentam também.


Os pais dos alunos da Priscila a julgam uma ótima professora, pois ela não joga as respostas a seus alunos e sim os desafia para que eles descubram por si mesmos.

Este tipo de abordagem é principalmente interacionista.




Tem como principais defensores Jean Piaget e Jerome Bruner, abordagem “cognitivista” implica, em principalmente estudar de modo científico a aprendizagem como sendo mais que um produto do ambiente, das pessoas os de fatores que são externos ao aluno.
Este tipo de abordagem é principalmente interacionista. A educação visa provocar situações que sejam desequilibradas ao aluno, fazendo com que este desenvolva as  noções e operações ao mesmo tempo em que a criança vive  cada etapa de seu desenvolvimento.Para Piaget a educação é um todo indissociável, considerando-se dois elementos fundamentais: o intelectual e o moral. O professor deve propor problemas aos alunos sem ensinar-lhes a solução, fazendo desafios. Cabe a ele evitar rotina, fixação de respostas, hábitos. Cabe ao aluno um papel essencialmente ativo, e suas atividades básicas entre outras, deverão consistir em: observar, experimentar, comparar, relacionar, analisar, justapor, compor, encaixar, levantar hipóteses, argumentar, etc. E ao professor cabe orientação necessária para que os objetos sejam explanados pelos alunos, sem jamais oferecer-lhe solução pronta.


ABORDAGEM SÓCIO-CULTURAL

A professora Cristina leciona numa escola  da periferia, todos os dias ela vai á escola e recebe seus alunos carinhosamente. Sabendo da difícil realidade e do contexto em que seus alunos vivem, Cristina se preocupa muito em adequar os conteúdos aos seus educandos.
Cristina é professora alfabetizadora, trabalha com crianças de 06 anos de idade que estão no 1º ano do Ensino Fundamental, sempre encontrou  dificuldade em fazer com que seus alunos aprendessem através de contextos que não são os vivenciados por eles. Ela conheceu alfabetiza a partir de palavras geradoras, do contexto e da realidade dos seus alunos problematizando sempre e fazendo com que eles reflitam criticamente frente aos conteúdos.

Cristina é uma ótima professora, apesar da triste realidade dos seus alunos eles demonstram um excelente desempenho escolar, se interessam mais e participam. A professora dá bastante liberdade de diálogo e expressão para os alunos exporem o que pensam e o que sabem sobre os conteúdos que irão aprender. Por exemplo, quando vai trabalhar um conteúdo ela questiona os alunos quanto aos seus conhecimentos prévios e retira disso o norte que conduzirá a sua didática.
Todos os alunos gostam bastante da professora Cristina.


A abordagem sócio-cultural trata basicamente das relações dos indivíduos em grupos culturais, como esses grupos influenciam em nossos significados, em maneiras de ver uma sociedade, pois como sabemos um indivíduo sofre alterações diante uma cultura. Na visão de Paulo Freire sua maior preocupação era com a cultura popular, sendo ela enfatizada em aspecto social, política e cultural, pois conhecendo sua ideologia percebemos que o que mais o preocupava era como trazer para a sala de aula as diferentes culturas dos alunos, de forma a trabalhar no coletivo, de forma a assumir e não somente consumir esse valores mudando a visão do homem diante o mundo, cultura, educação e ação educativa.
É um processo onde professor e alunos aprendem e ensinam juntos. Onde o professor deverá estimular o aluno a questionar a cultura que lhe é imposta e saiba criar sua própria cultura a partir do contexto em que vive e da sua realidade. O professor vai criar situações onde o aluno “abra os olhos” para que as contradições da sociedade.
No processo de ensino aprendizagem considerar as diferenças individuais (cultura e o contexto em que vive) de cada aluno, e não tratá-los como iguais e criar um ensino padronizado. O aluno interage com o professor dando a sua contribuição para o processo de ensino- aprendizagem, falando sobre sua cultura e suas experiências de vida.


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